quarta-feira, 15 de julho de 2009

ENTREVISTA COM EDUARDO VETILLO



Na carica (feita após a Missa de Sétimo Dia do Ely Barbosa): Daniela, Gualberto e Vetillo.



Fui assistente de Eduardo Vetillo. Meu trabalho era passar seus desenhos (feitos em folhas de papel sulfite grosso com marcação em azul de quadros e linhas para letreiramento) a limpo, numa folha de Schoeller, seguindo as alterações que o Edu determinava (como posicionamento de personagens e cortes). Claro que no começo eu apanhava muito para reproduzir os traços sutis de expressão dos esboços originais. O estúdio do Eduardo ficava na Lapa, era um galpão de fundos de uma casa na rua Pontaporã, metade do Ismael dos Santos (que produzia material para a TV Cultura e dava aula, onde passaram conhecidos meus como o Spacca e o Riba), metade do Eduardo, que dividia a sala com o Walter Caldeira (pintor impressionante) que na época produzia capas de livros e reproduzia, em guache, cenas históricas brasileiras criadas por Ivan Wasth Rodrigues. Eu trabalhei um ano como assistente do Eduardo, até o dia em que ele me disse que o projeto Trapalhões estava crescendo, precisava de novos desenhistas e que eu já estava apto para bater asas próprias. Leia mais aqui:

http://chester.blog.br/archives/2007/05/bira_dantas_e_o.html
http://www.bigorna.net/index.php?secao=birazine&id=1173761595

A PRIMEIRA PARTE DA ENTREVISTA

Nome completo, idade e onde nasceu:
- Eduardo Vetillo, 67 anos e nascido em SP, capital, nesta Paulicéia Desvairada.

Na sua infância, quais eram seus personagens de Seriados e Quadrinhos favoritos?
- Rip Kirby, de Alex Raymond e Tony Corisco, de Frank Robbins.

Como foi o começo de sua carreira?
- Foi trabalhando em pequenas agências de propaganda.

Qual foi o seu primeiro trabalho com HQ ou Ilustração?
- Foi um trabalho sobre a independência do Brasil para a Editora Edrel.

Conte como aconteceu sua viagem para os EUA e do curso que fez na Escola de Arte. Você consertava as telhas das casas para se manter. Como aprendeu isso? Alguma vez caiu do telhado?
- Foi para aprimorar as técnicas de ilustração e consertava telhados sim, mas felizmente nunca caí.


Você sempre fez caricatura?
- Não, foi de uns sete anos para cá.

Quando aconteceu sua entrada na Abril? Que personagens você mais desenhava, além do Urtigão? De quem eram os roteiros que você desenhava e quem fazia sua arte-final?
- Foi em 1974. Além do Urtigão, desenhava também o Peninha, mas não me lembro de quem eram os roteiros e a arte final.

Antes dos Trapalhões você desenhou Hanna-Barbera no estúdio Ely Barbosa. Lembro-me em especial de suas HQs de “Jana das Selvas” (publicada no Brasil pela Ebal com o nome original: Rima). O que você mais gostava de fazer e porquê?
- Era exatamente a Jana das Selvas, que mais combinava com o meu estilo.

O que representou na sua carreira ter sido desenhista do gibi “Os Trapalhões”? Como foi a experiência de ter tido um assistente? Durante quantos anos você desenhou o gibi? O que você achou do Ely ter abolido a arte-final nas HQs? Por que a revista parou de ser publicada?
- Foi um período muito profícuo, o assistente (Bira) foi importantíssimo e desenhei o gibi por três anos - o Ely preferia o traço a lápis espontâneo do desenhista. A revista parou unicamente porque a Bloch Editores se preocupou somente com o telejornalismo , que foi sua ruína), e o mesmo aconteceu com o Spectreman, que foi até o número 32.

Você sempre caricaturou o pessoal do estúdio nas HQs dos Trapalhões, era só por brincadeira ou você pensava em imortalizar os companheiros? Eu sempre achei que você era o Al Capp brasileiro, pelo traço satírico e caricatural, retratando de maneira super-humorística os tipos brasileiros, do vendedor de picolé, mate gelado, puxador de carroça, engraxate, caipira, executivo, ao operário. Você foi influenciado pelo genial criador de Lil’ Abner, o nosso Ferdinando Buscapé?
- Era só por brincadeira. Fui sim influenciado pelo Al Capp, mas meu grande ídolo nas HQ foi Alex Raymond.

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